quarta-feira, dezembro 15
PARA OS SUÍÇOS A ATIVIDADE MISSIONÁRIA É IGUAL A TRABALHO REMUNERADO, O QUE NÃO É O CASO DOS MÓRMONS ONDE OS MISSIONÁRIOS PARA ALÉM DE NÃO AUFERIREM QUALQUER VERBA AINDA PAGAM A SUA PRÓPRIA MISSÃO.
Por Karin Kamp, swissinfo.ch
Um grupo de parlamentares dos Estados Unidos conclamou a Suíça a permitir que missionários mórmons continuem atuando no seu território a partir de 2012, apesar de uma concreta interdição.
O senador americano Mike Crapo lidera atualmente um esforço coordenado de 14 senadores e deputados que enviaram uma carta à embaixada suíça em Washington no início do ano. Ela exorta o governo helvético a encontrar uma forma de permitir a atuação de missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, os mórmons.
"Esperamos um diálogo continuado entre representantes do governo helvético e dos EUA para assegurar que missionários responsáveis tenham a mais repleta possível oportunidade de continuar seu trabalho no exterior com o mínimo de impedimentos burocráticos", declarou o senador Crapo à swissinfo.ch.
As novas regulamentações são originárias de um acordo bilateral de livre circulação de pessoas firmado entre a Suíça e a União Europeia, e que entrou em vigor em 2002. De fato, esse acordo permite a cidadãos europeus procurar emprego na Suíça e restringe de forma significativa o emprego de pessoas de países terceiros.
Uma decisão da justiça suíça estabeleceu que o trabalho missionário fosse considerado emprego remunerado e, portanto, sujeito a quotas.
Esperança e orações
Os representantes diplomáticos da Suíça responderam aos parlamentares - grupo do qual fazem parte Harry Reid, líder da maioria no Senado, e outros 12 senadores e deputados mórmons - em uma carta enviada em Outubro. Nela o governo dá esperanças de uma solução possível através do diálogo e outros meios. "Leis podem ser alteradas e regulamentações modificadas, mas caberá às comunidades relevantes envolvidas na questão a iniciar essas mudanças", escreveu Urs Ziswiler, embaixador suíço, na sua correspondência.
Ziswiler explicou à swissinfo: "Temos vários casos similares de outros países e abrir uma exceção aos mórmons criaria um precedente."
Em resposta à correspondência, o senador Crapo revelou à swissinfo que aprecia o convite a "continuar as discussões" para encontrar um caminho que permitam aos missionários mórmons a continuar oferecendo seus serviços. A maioria deles que atuam na Suíça vêm de estados americanos, dos quais Utah, Missouri, Idaho e Arizona.
Graças a um acordo provisório, a vinda de um número máximo de 80 missionários dos EUA foi autorizada a entrar na Suíça em 2010. No ano seguinte serão cinquenta. Já em 2012 não será mais permitida a entrada de missionário de qualquer igreja e qualquer país terceiro, como detalhou a embaixada da Suíça.
Longa história
Na sua carta, os parlamentares americanos ressaltaram a "relação especial que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem com a Suíça". Eles lembraram também que Berna, a capital helvética, foi escolhida para abrigar o primeiro templo europeu dos mórmons. "Hoje há um número substancial de membros da igreja que têm orgulho de sua descendência suíça. Seria uma grande tragédia para as nossas duas nações se esse programa missionário com tanto tempo de existência terminar", escreveram.
Eles ainda acrescentaram que os missionários mórmons são voluntários não remunerados, que apenas estão exercendo suas funções eclesiásticas, sem competir com outros trabalhadores. "Em uma base de reciprocidade, jovens suíços membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias podem cumprir sua missão missionária de dois anos nos Estados Unidos sem restrições".
A igreja mórmon tem uma longa história na Suíça. Ela data de 1850. Seus dignitários gostariam que essa tradição fosse continuada. "Esperamos que uma solução possa ser encontrada, permitindo que missionários, independentemente do seu país de origem, possam continuar a servir ao povo helvético", declarou Michael Purdy, porta-voz da congregação, baseada no estado de Utah. "Em nossa experiência, os missionários da Igreja retornam à casa após cumprirem serviço na Suíça com um grande amor e respeito ao povo, à história e à cultura do país."
Karin Kamp, swissinfo.ch
Nova Iorque
Adaptaçao: Alexander Thoele
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