terça-feira, outubro 20

 

Histórias de Setúbal ou Setúbal na História (145)

A “Rosita”

Naqueles tempos, segunda metade do século XX, nos meses de Outono/Inverno os vendavais eram frequentes e bem violentos.

Sem o acesso à meteorologia como hoje dispomos, sem internet, GPS, telefones móveis, ou mesmo motores os nossos pequenos botes e aiolas, com um ou dois pescadores que tentavam capturar algum peixe ou molusco perto  da barra de Setúbal eram por vezes surpreendidos pelo mau tempo.

Quando as nuvens ficavam enegrecidas ali para as bandas da Arrábida, o atento Capitão do Porto mandava içar o sinal de mau tempo no mastro ainda hoje existente no jardim da beira-mar e recolher todos os botes ao abrigo seguro da doca dos pescadores.

Para o efeito enviava a “vedeta” da capitania, uma lancha a motor da Marinha, que rapidamente chegava perto das pequenas embarcações movidas a remos ou à vela às quais passava um cabo de reboque para mais facilmente fugir à tempestade que se aproximava.

Nestes dias de mau tempo lembro-me da “Rosita” e comparo-a a uma pata com os seus patinhos a segui-la na direção de porto seguro quando pressentia que algo poderia não ir correr bem.

Quantos valentes e ousados pescadores não terão sido salvos pelas medidas preventivas que um atento governante punha em marcha com os meios de que então dispunha?...

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

2020-outubro-20

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