Histórias de Setúbal
ou Setúbal na História (145)
A “Rosita”
Naqueles tempos, segunda metade do século XX, nos meses de Outono/Inverno os vendavais eram frequentes e bem violentos.
Sem o acesso à meteorologia como hoje dispomos, sem
internet, GPS, telefones móveis, ou mesmo motores os nossos pequenos botes e
aiolas, com um ou dois pescadores que tentavam capturar algum peixe ou molusco perto
da barra de Setúbal eram por vezes
surpreendidos pelo mau tempo.
Quando as nuvens ficavam enegrecidas ali para as bandas da
Arrábida, o atento Capitão do Porto mandava içar o sinal de mau tempo no mastro
ainda hoje existente no jardim da beira-mar e recolher todos os botes ao abrigo
seguro da doca dos pescadores.
Para o efeito enviava a “vedeta” da capitania, uma lancha a
motor da Marinha, que rapidamente chegava perto das pequenas embarcações
movidas a remos ou à vela às quais passava um cabo de reboque para mais
facilmente fugir à tempestade que se aproximava.
Nestes dias de mau tempo lembro-me da “Rosita” e comparo-a a
uma pata com os seus patinhos a segui-la na direção de porto seguro quando
pressentia que algo poderia não ir correr bem.
Quantos valentes e ousados pescadores não terão sido salvos
pelas medidas preventivas que um atento governante punha em marcha com os meios
de que então dispunha?...
Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2020-outubro-20
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